A LEITURA COMO TÉCNICA NECESSÁRIA PARA SE ESCREVER BEM

          Para adquirirmos uma boa bagagem cultural é fundamental uma boa leitura de forma constante. Como dizia um antigo professor de português do ensino médio, aprende-se a cantar, cantando, a andar de bicicleta andando e a escrever, lendo.

          E para escrever, independentemente do assunto a ser abordado, exige conhecimento prévio e argumentos. Não teria como surgir um texto do vácuo. E só adquirimos tal conhecimento, a partir da leitura. Mesmo para desenvolver habilidades e conhecimentos gramaticais é necessária a leitura constante, para visualizarmos na prática o uso e a importância de tais regras.

          Porém, essa leitura deve ser vista e escolhida cuidadosamente, fazendo uma seleção minuciosa do que é bom e do que é meramente informação e deve ser excluída e não condicionada. Há muita coisa hoje em dia nos meios de comunicação e na mídia em geral, em especial na Internet, que não contribuem nem acrescentam nada no que diz respeito à produção de texto e ao enriquecimento da bagagem cultural necessária para uma formação rica e educativa. Harold Bloom em seu livro “Como e por que ler”, afirma:

          “Uma das funções da leitura é nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal. Considero aqui a leitura como hábito pessoal, e não como prática educativa. A maneira como lemos hoje, quando o fazemos sozinhos, manifesta uma relação contínua com o passado, a despeito da leitura atualmente praticada nas academias. Meu leitor ideal (e herói preferido) é Samuel Johnson, que bem conhecia e tão bem expressou as vantagens e desvantagens da leitura constante. Conforme qualquer outra atividade mental, a leitura, para Johnson, devia atender a uma preocupação central, ou seja, algo que "nos diz respeito, e que nos é útil". Sr. Francis Bacon, gestor de algumas da idéias postas em prática por Johnson, ofereceu o célebre conselho: "Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar". A Bacon e Johnson eu acrescentaria um terceiro sábio da leitura, inimigo ferrenho da História e de todos os Historicismos, Emerson, que afirmou: "Os melhores livros levam-nos à convicção de que a natureza que escreveu é a mesma que lê". Proponho uma fusão de Bacon, Johnson e Emerson, uma fórmula de leitura: encontrar algo que nos diga respeito, que possa ser utilizado como base para avaliar, refletir, que pareça ser fruto de uma natureza semelhante à nossa, e que seja livre da tirania do tempo”. (2001, p. 17-8).

          Outro fator importante é que a grande importância da escrita que devemos nos preocupar, é se o seu texto está sendo capaz o bastante de transmitir o que realmente desejava, intencionalmente quando se propôs a escrever, causando no leitor, uma visão crítica do assunto e um entendimento.

          Para escrever com qualidade e coerência sobre determinado assunto, precisamos nos atentar e respeitar algumas medidas, como a constatação de um problema, a delimitação do assunto e a definição de um tema

          Além disso, conforme afirma Magda Soares e Edson Nascimento, em seu livro “Técnicas de Redação”, a dissertação é o método mais utilizado no meio acadêmico, indispensável também no desenvolvimento profissional e pessoal:

          “A DISSERTAÇÃO é a forma de redação mais usual. Com mais freqüência é a forma de redação solicitada às pessoas envolvidas com a produção de trabalhos escolares, com a administração e execução técnico-burocráticas de serviços ligados a Indústria, Comércio, etc. A prosa dissertativa é, assim, predominante nos textos de trabalhos escolares, nos textos de produção e divulgação científica (monografias, ensaios, artigos, relatórios técnico-científicos) e nos textos técnico-administrativos. Raramente é uma pessoa solicitada a construir uma descrição ou narração; freqüentemente, ao contrário, é solicitada a produzir uma dissertação”. (Soares,1979,prefácio).