VEREADOR: FIM DE MANDATO E REELEIÇÃO
Baseado em texto de Francisco Ferraz
A tentativa de reeleição dos vereadores, como se sabe, é
sempre problemática. As eleições, de uma maneira geral, tendem a ser vistas
pela maioria dos eleitores como uma mobilização de esperanças, como a
oportunidade ideal para obter novas conquistas e vantagens, como a
possibilidade de decidir um futuro onde se realize aquilo que ainda não foi
feito. E, honestamente, o que os eleitores pensam dos atuais vereadores e o que
os vereadores fizeram pelos eleitores para serem reconhecidos a ponto de serem
reeleitos ?
Nesta perspectiva, a eleição, como regra,
favorece o candidato da mudança em vez o da continuidade.
Mas o eleitor, entretanto, experimenta também dentro de si,
vários conflitos:
• O novo parece-lhe mais atraente, mas qual a garantia que
tem de que vai fazer o que deve ser feito? Será que vai dar certo? Que vai ser
tudo aquilo que parece ser e promete ser?
• Mudar é sempre desejável quando o resultado da mudança é
uma melhoria, um progresso. Mas se a mudança comprometer o que está funcionando
bem, sem conseguir trazer novas vantagens?
• Um candidato menos conhecido, uma “cara nova” é também
atraente, porque o candidato menos conhecido é um candidato a ser conhecido
durante a campanha. Mas quem garante que ele está preparado para o desafio?
Cada um dos candidatos deverá então lutar para convencer o
eleitor desconfiado de que é possuidor de atributo melhor que o do adversário.
Assim, o candidato
à reeleição vai procurar mostrar que o novo mandato que pleiteia não se
limitará a dar continuidade ao que já existe, mas que, ao contrário, ele está
comprometido com as mudanças, mudanças de verdade.
De outra parte, o
candidato da oposição vai procurar convencer os eleitores que possui as
qualificações para fazer as mudanças, sem comprometer a continuidade do bom já
foi realizado, como as emendas ao projeto de lei do governo referente ao
Transporte público municipal. É com estes pensamentos e sentimentos que o
conflito interior do eleitor se resolverá.
Esta é a lógica
política de uma disputa entre um candidato que busca a eleição e outro que
busca a reeleição. Cada um domina de cada lado: o da continuidade e o da
mudança.
Cabe à candidatura que propõe a mudança persuadir o eleitor
que é capaz de manter o melhor do que já existe, e o que quer ser reeleito
convencer o eleitor de que é capaz de fazer a mudança que querem. Mas o eleitor
estará lembrando o que fizeram durante os 4 anos de mandato e nenhuma mudanç
significzativa foi feita.
Nem sempre é isso
que ocorre. Muitas vezes a disputa se acirra e o candidato da mudança condena
tudo que foi feito e, com maior ênfase ainda condena a tentativa de continuar
no poder. De sua parte, o candidato que quer ser reeleito ação pode também
radicalizar sua posição e condenar toda a mudança proposta, como sendo
prejudicial, e isso pode pegar mal ante os eleitores
Nesta situação a
luta eleitoral se transforma num “cabo de guerra”, em que cada candidato puxa a
corda para o seu lado, até fazer o adversário desestabilizar. Ao eleitor fica
difícil avaliar ou mudança sem continuidade, ou continuidade sem mudança.
Essa disputa, seja
sob a forma da radicalização e na avaliação do eleitor, supõe que o candidato
da situação representa a administração atual no seu mandato, e o candidato da
oposição que diz irá promover a mudança desejada para ser competitivo.
Em outras palavras,
ambos podem ganhar a eleição.
Dentro desta
perspectiva política situa-se a questão do fim de mandato para o candidato da
situação.
A partir do momento
que é sabido que o atual vereador pretende disputar a reeleição – muito antes,
pois, do anúncio formal da candidatura – a sua fica comprometida, e quanto mais
se aproxima o momento da campanha mais comprometida ficará.
Neste ano de 2015
seus atos já serão vistos como atos de campanha, como uso da máquina
administrativa para se eleger. E muitas vezes é isso mesmo que ocorre, mesmo
com a proibição legal de assim proceder. A tentação de usar a “máquina
política” para se reeleger é freqüentemente irresistível.
Esta é, pois, uma
situação politicamente muito sensível, para qual se recomendaria muita cautela
e discrição.
Como administrar esta situação delicada é um desafio
político de proporções nem sempre fácil de lidar. Nem a timidez e o excesso de
escrúpulos, nem tampouco o oportunismo populista, são guias confiáveis para
passar por esta fase.
Se a lei permitiu a
reeleição, o vereador está no seu pleno direito de:
(1) prestar contas
de sua administração aos eleitores, e
(2) usar as
realizações de seu mandato como argumento para se reeleger.
A lei, ao admitir a
reeleição permitiu-se disputar a eleição; ser vereador e ser candidato. Mas a
lei também proíbe usar os recursos públicos – no seu sentido amplo - para seu
benefício pessoal ou partidário. Nesta condição então, o fim de mandato deverá
se pautar por uma ação de comunicação, inteligente e rigorosamente contida
dentro dos aspectos legais.
Em termos práticos. O vereador está legitimado para mostrar
o que realizou e valorizá-lo publicitariamente. Mas atenção, o marketing deverá
assumir a forma de informação objetiva, de um relato do que foi efetivamente
realizado, do cumprimento do que foi prometido, mas não uma oportunidade para
auto-exaltação, principalmente se existirem comentários desabonadores contra
seu mandato.
O que
deve ser considerado, e é necessário acreditar, é que a realidade e utilidade
do que fez vale muito mais do que a propaganda ostensiva em torno de sua
pessoa. Isso será feito durante a campanha eleitoral oficial.
FONTE: http://www.blogvarzeapaulista.com/news/a461/
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